O maior evento de cinema da cidade teve um timoneiro, Leon Cakoff, que morreu em 2011. A 36ª edição tem nova direção, com Renata Almeida. Exibições começam nesta sexta
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O cineasta russo Andrei Tarkóvski será o grande homenageado da 36ª Mostra paulistana
São Paulo - É um momento especial da história da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Por 35 anos, o maior evento de cinema da cidade - precursor da luta contra a censura e do reconhecimento dos filmes de arte como parcela significativa do mercado - teve um timoneiro, e ele foi Leon Cakoff, que morreu no ano passado. A 35ª Mostra, por mais que Leon estivesse debilitado - morreu uma semana antes -, foi a última que ele produziu. A 36ª Mostra, que abre nesta quinta para convidados, tem nova direção. E a curiosidade é justamente saber como Renata Almeida imprimirá sua marca.
Por 21 anos, desde a 13.ª Mostra, ela viveu à sombra de Cakoff. Foi colaboradora, mulher, escudeira - a mãe de seus filhos. Renata inaugura a Mostra de 2012 sob o signo da política, num momento em que ela dá o tom, na cidade e no país, com o debate para o segundo turno da eleição para prefeito e o julgamento do mensalão. "No", de Pablo Larraín, com Gael García Bernal, é o candidato do Chile à indicação para uma vaga no Oscar. O filme trata da campanha política que deveria decidir sobre a permanência do general Pinochet no poder. O que parecia decidido - o ditador controlava a mídia e mantinha os demais poderes como fachada - ruiu sob uma campanha bem orquestrada, e que o filme recria.
O mote dessa campanha é a volta da alegria ao Chile - a volta da alegria à Mostra, após o luto do ano passado? O cinéfilo paulistano, e de outras latitudes, mal pode esperar para se lançar na maratona de 350 títulos de 60 países, distribuídos por 28 locais de exibição. Na impossibilidade de ver tudo - nem com o dom da ubiquidade seria possível assistir a quase 30 filmes por dia, durante 14 dias -, o negócio é escolher. Há filmes para todos os gostos e tribos.
A política continuará dando o tom em "A Bela Adormecida", de Marco Bellocchio, sobre caso de eutanásia que dividiu a Itália; "Depois da Batalha", de Yousry Nasrallah, sobre o movimento popular que levou à queda do regime de Hosni Mubarak; "Indignados", de Tony Gatlif, sobre a exclusão social no mundo globalizado; "Herança", de Hiam Abbass, que reflete sobre a condição dos palestinos no Oriente Médio; "Reality", de Matteo Garrone, que enquadra a Itália pós(?)Silvio Berlusconi num reality show, etc. Os românticos vão encontrar o mais inesperado dos materiais em "Liv & Ingmar", de Dheeraj Akolkar, que trata da ligação entre Ingmar Bergman e Liv Ullman. E o público que preza, acima de tudo, a invenção, não pode perder "Tabu", de Miguel Gomes, nem "La Noche de Enfrente", o último (e póstumo) Raúl Ruiz.
Fonte: EXAME
Fonte: EXAME
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