Pessoa em cadeira de rodas leva mais de uma hora para pegar ônibus no Rio
Deficiente física leva 20 minutos a mais do que as pessoas sem deficiência para usar metrô.
Viviane mora em Copacabana, na zona sul, e costuma ir três vezes por semana à Tijuca, zona norte. No metrô, as piores dificuldades são a dependência dos guardas para abrir a cancela da roleta e a demora no sistema de elevador da estação da Saens Peña.
Mas é no ponto de ônibus que o desrespeito às leis e aos cadeirantes fica ainda mais evidente. O primeiro coletivo para o qual ela fez sinal passou direto e não parou. No segundo, o elevador estava com defeito. Já no terceiro, o motorista disse que estava adaptado, mas faria um caminho mais longo para chegar ao destino e não a aconselhava a entrar. Na quarta tentativa, após uma hora de espera, ela finalmente conseguiu embarcar.
"Para não passar por todo esse constrangimento, eu prefiro não pegar ônibus e ir tocando a cadeira, mesmo passando pelo meio da rua quando as calçadas não têm rampas ou são esburacadas, do que me estressar desse jeito. É um absurdo".
O destino de Viviane é a Escola Carioca de Dança, que fica na rua Barão de Mesquita, uma das piores vias para a cadeirante. A calçada é estreita e a cada 30 m, aproximadamente, tem um poste que impossibilita a passagem da cadeira de rodas. A única opção dela é disputar o espaço com os carros no asfalto.
Viviane sabe do risco, mas não desanima e chega à escola de dança. É ali que realiza uma das atividades que mais gosta. Ela coloca o sapato, faz um aquecimento com o parceiro e dança. Neste momento, todas as dificuldades desaparecem e dão lugar aos ritmos que pratica: samba, zouk, salsa e bolero.
Com o parceiro Luiz Cláudio Passos, Viviane é tetracampeã nacional em Dança Esportiva em Cadeira de Rodas. A poliomielite que a fez perder o movimento da perna quando tinha um ano e seis meses, não prejudicou o sonho de se tornar uma dançarina.
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