Farmacêuticas americanas como a Eli Lilly & Co., a Pfizer Inc. e a Johnson & Johnson já gastaram centenas de milhões de dólares procurando o que poderia ser o primeiro remédio a agir nos mecanismos geradores do mal de Alzheimer.
Logo elas saberão se o investimento dará retorno e se resultará no próximo grande lançamento do setor — ou apenas no seu mais recente fracasso.
Há grandes expectativas em relação aos resultados do último estágio de testes dos compostos sendo desenvolvidos: Pfizer, Johnson & Johnson e sua parceira Elan Corp. devem ser as primeiras a divulgar, já no início do mês que vem, suas conclusões sobre sua droga bapineuzumab. No terceiro trimestre, a Lilly deve revelar como o seu remédio experimental solanezumab se saiu.
"Esse é um divisor de águas" para a pesquisa do Alzheimer, disse Norman Relkin, um neurologista e neurocientista do Weill Cornell Medical College em Nova York. Ele não está participando em nenhum dos testes.
Os resultados devem ter um impacto substancial nas ações das empresas, e na determinação da indústria farmacêutica para buscar uma cura para o Alzheimer. Eles são vistas pela maioria como um referendo da teoria mais aceita sobre o desenvolvimento da doença, centrada na acumulação no cérebro de placas viscosas de uma proteína chamada beta-amiloide.
Segundo essa hipótese, essas placas senis, como são denominadas, estão por trás dos sintomas devastadores da doença, e então removê-las ou impedir que elas cresçam poderia bloquear o Alzheimer.
Mas o amiloide pode ser só um fator no Alzheimer, e há cada vez mais evidências de que as placas só se formam numa fase relativamente mais avançada da doença, o que leva alguns cientistas a acreditar que já não adianta mais atacar o amiloide depois que as placas já se formaram.
O Alzheimer é uma forma de demência que rouba gradualmente a memória do doente e afeta o seu comportamento e raciocínio. A doença aflige cerca de 36 milhões de pessoas no mundo todo, sendo 1,2 milhão no Brasil, números que devem crescer nos próximos anos. Até hoje, os remédios contra o Alzheimer trataram somente os sintomas e num certo ponto param de fazer efeito.
Analistas estimam em US$ 10 bilhões o mercado para um remédio que atue no processo subjacente da doença, e que pelo menos torne mais lenta sua marcha, comparado com US$ 3 bilhões para as drogas atuais de Alzheimer. As drogas atualmente no mercado são consideradas de efeito limitado e tratam os sintomas por um período limitado.
Pesquisadores e analistas de Wall Street estão se preparando para uma decepção. As companhias sofreram uma série de reveses com remédios que atacam os amiloides, inclusive o Flurizan, da Myriad Genetics Inc., e o Alzhemed, da Neurochem Inc. Em 2010, a Lilly interrompeu a Fase 3 do desenvolvimento do semagacestat, depois que se descobriu que a droga na verdade piorava os sintomas do Alzheimer.
Os resultados de experimentos anteriores com o bapineuzumab e o solanezumab desapontaram. Ambas as drogas são anticorpos monoclonais que supostamente se ligam ao amiloide e o retiram do cérebro. Os pacientes que tomaram o bapineuzumab na Fase 2 dos testes não apresentaram mudanças nos sintomas cognitivos comparados com aqueles que não tomaram o remédio. Esse pequeno teste, contudo, foi concebido para avaliar se a dosagem era segura, não se ela era eficaz.
"Obviamente que se [novos] testes do bapineuzumab resultarem positivos, isso será uma verificação significativa da teoria do amiloide", disse ao The Wall Street Journal Husseini Manji, chefe de pesquisa de neurociência da J&J.
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